Sunday, May 14, 2006

O BAILE

SE eu for comparar a vida com um baile, estará tocando uma linda valsa, e eu danço em sintonia perfeita com ela.

Às vezes olho por cima, orgulhosa de minha elegância de bailarina.

Às vezes olho por baixo, envergonhada de minhas lágrimas.

Mas continuo dançando, sem parar. Até que a música cesse...

SENTAR NO MEIO-FIO

ANDANDO pelas ruas, penso que não queria estar sendo obrigada a caminhar para o trabalho, porque gostaria de parar ali, sentar no meio-fio, olhar o movimento do "rush", prestar atenção às pessoas, ao corre-corre, refletir sobre esse sistema em que vivemos todos os dias e tentar entender um pouco a vida.

PARA não estar sendo obrigada a ir para o trabalho e poder sentar ali no meio-fio, penso que só se eu não tivesse que comer, porque a presença do estômago dentro de mim, me obriga a lutar cada minuto e cada segundo pelo alimento de todos os dias. Portanto, me obriga também a chegar todos os dias na hora exata no trabalho para nunca me tornar uma desempregada e ficar sem ter o que comer.

PARA não ter estômago dentro de mim, penso que a única maneira seria eu não ter corpo, essa máquina que nos é imposta como um presente quando nascemos.

PARA não ter corpo, penso que eu teria que ser só espírito.

PARA ser só espírito, eu penso que deveria estar morta.

ENTÃO eu concluo que isso quer dizer que só vou poder parar ali, sentar no meio-fio, olhar o movimento do "rush", prestar atenção às pessoas, ao corre-corre, refletir sobre esse sistema em que vivemos todos os dias e tentar entender um pouco a vida... quando estiver morta!

MEU DEUS! Fiquei tão perturbada que tive que parar e sentar no meio-fio...